A música perdeu uma de suas figuras mais marcantes. Ace Frehley, o icônico guitarrista e cofundador do Kiss, marcou gerações com seu estilo inconfundível e personalidade carismática. Mais do que um músico, ele foi um símbolo de uma era em que o rock ultrapassou os limites do palco e se transformou em espetáculo. Ao longo de décadas de carreira, Frehley deixou uma marca indelével na história da música, tanto como integrante do Kiss quanto em sua trajetória solo.
Neste artigo, relembramos a vida, a carreira e o legado de um dos guitarristas mais influentes do rock mundial.
Início da trajetória musical
Paul Daniel Frehley nasceu em 27 de abril de 1951, no Bronx, em Nova York. Desde cedo, demonstrou interesse pela música, influenciado por bandas como Rolling Stones, The Who e Led Zeppelin. Ainda na adolescência, começou a tocar guitarra e a participar de pequenos grupos locais.
Foi durante essa fase que ele desenvolveu o estilo único que o acompanharia por toda a carreira — uma combinação de riffs poderosos, solos cheios de personalidade e um carisma natural que o tornaria inconfundível nos palcos.
A formação do Kiss e a ascensão ao estrelato
Em 1973, Ace Frehley respondeu a um anúncio no jornal “Village Voice” que procurava um guitarrista para uma nova banda. Ele foi escolhido por Paul Stanley, Gene Simmons e Peter Criss para integrar o grupo que, em pouco tempo, seria conhecido mundialmente como Kiss.
Frehley não apenas trouxe sua habilidade musical, mas também ajudou a moldar a identidade visual da banda. Seu personagem, o Spaceman (ou “Space Ace”), representava um viajante intergaláctico — uma figura misteriosa e carismática que rapidamente conquistou os fãs.
Com sua maquiagem prateada e figurinos futuristas, Frehley se destacou tanto quanto os outros integrantes. Mais importante ainda, seu talento como guitarrista foi crucial para o som do Kiss.
Os primeiros álbuns e o sucesso mundial
Durante a década de 1970, o Kiss lançou uma série de álbuns que redefiniram o rock de arena. Frehley foi uma peça fundamental nesse processo. Ele contribuiu com riffs memoráveis e solos emblemáticos em clássicos como “Cold Gin”, “Shock Me”, “Love Gun” e “Parasite”.
O sucesso da banda explodiu com o álbum “Alive!” (1975), um registro ao vivo que capturou a energia inigualável dos shows do Kiss. Frehley, conhecido por seu comportamento reservado fora do palco, transformava-se em um verdadeiro showman quando as luzes se acendiam.
Seus solos, muitas vezes acompanhados de efeitos pirotécnicos e guitarras que soltavam fumaça, se tornaram parte essencial da experiência visual da banda.
Carreira solo e afastamento do Kiss
Em 1978, cada integrante do Kiss lançou um álbum solo simultaneamente. O disco de Ace Frehley foi o mais bem-sucedido entre os quatro, impulsionado pelo sucesso da faixa “New York Groove”, que se tornou um hit nas rádios e nas paradas de sucesso.
Apesar do êxito, as tensões internas na banda começaram a aumentar. As diferenças criativas e o estilo de vida intenso de Frehley contribuíram para o desgaste. Em 1982, ele deixou oficialmente o Kiss, encerrando o primeiro capítulo de sua jornada com o grupo.
Após sua saída, Ace iniciou uma carreira solo de forma mais consistente, formando a banda Frehley’s Comet. O projeto lançou discos elogiados por fãs e críticos, como “Frehley’s Comet” (1987) e “Second Sighting” (1988), mostrando que o guitarrista ainda tinha muito a oferecer ao mundo do rock.
O retorno triunfal ao Kiss
Em 1996, para a alegria dos fãs, Ace Frehley voltou ao Kiss durante a reunião da formação original. O retorno coincidiu com uma das turnês mais lucrativas da história da banda, levando o grupo novamente ao topo das paradas e dos grandes estádios.
Durante essa fase, Frehley participou de shows históricos e voltou a usar o icônico traje do Spaceman. Contudo, a parceria não duraria para sempre. Em 2002, o guitarrista se afastou novamente, alegando divergências criativas e exaustão das longas turnês.
Apesar disso, seu impacto no Kiss continuou evidente. Mesmo após sua saída definitiva, o personagem que criou permaneceu sendo usado por outros guitarristas — uma prova de que sua influência é parte inseparável da identidade da banda.
Legado solo e reconhecimento
Nos anos seguintes, Ace Frehley manteve uma carreira solo sólida. Ele lançou álbuns que reafirmaram seu talento e versatilidade, como “Anomaly” (2009), “Space Invader” (2014) e “Spaceman” (2018).
Cada disco mostrou um músico fiel às suas origens, mas ainda capaz de evoluir artisticamente. Seus riffs continuavam poderosos, e sua guitarra, inconfundível.
Além disso, Frehley passou a ser reconhecido por novas gerações de músicos como uma referência. Guitarristas renomados, de Dimebag Darrell a Dave Grohl, citaram Ace como uma de suas influências.
Em 2014, o Kiss foi finalmente incluído no Rock and Roll Hall of Fame, e Frehley subiu ao palco junto aos demais membros originais para celebrar a conquista. Foi um momento histórico, simbolizando o impacto duradouro de sua contribuição ao rock mundial.
Estilo e influência
Ace Frehley não era apenas um guitarrista técnico; ele era um músico intuitivo, que tocava com emoção e presença. Seu som era caracterizado por um timbre encorpado, solos melódicos e uso criativo de efeitos.
Além da habilidade musical, Frehley ajudou a definir a estética do rock dos anos 1970. O visual do Spaceman, as guitarras personalizadas e o comportamento enigmático contribuíram para tornar o Kiss uma banda que ia além da música — um fenômeno cultural.
Mesmo décadas depois, sua influência é facilmente identificável. Bandas contemporâneas que buscam unir teatralidade e rock pesado devem muito à criatividade e ousadia que Frehley apresentou no auge da carreira.
O legado de um ícone eterno
Ace Frehley foi mais do que o guitarrista do Kiss. Ele foi um inovador, um símbolo do espírito rebelde do rock e um exemplo de autenticidade. Sua trajetória é marcada por altos e baixos, mas sempre permeada por uma paixão inabalável pela música.
Mesmo fora da formação oficial do Kiss, sua presença continua sendo celebrada por fãs em todo o mundo. A cada solo revisitado, a cada foto de sua maquiagem prateada, há uma lembrança do impacto que ele teve — e continua tendo — na cultura musical.
Hoje, ao relembrar sua carreira, fica evidente que Ace Frehley deixou um legado que vai muito além das guitarras e dos palcos. Ele ajudou a construir um dos capítulos mais importantes da história do rock, influenciando gerações e inspirando músicos a seguirem seus próprios caminhos.
