O Lollapalooza 2026 promete ser um dos festivais mais marcantes dos últimos anos, reunindo grandes nomes da música internacional e nacional em um line-up diversificado e repleto de talento.
Entre os artistas confirmados, um nome chama atenção pela originalidade e profundidade de sua obra: Blood Orange, projeto musical do cantor, compositor e produtor britânico Devonté Hynes.
Conhecido por sua habilidade em transitar entre gêneros e criar atmosferas sonoras únicas, o artista promete uma apresentação inesquecível no festival.
Neste post, vamos relembrar a trajetória de Blood Orange, desde o início de sua carreira até sua consolidação como um dos nomes mais inovadores da cena alternativa contemporânea.
O início de tudo: Devonté Hynes antes de Blood Orange
Antes de se tornar conhecido mundialmente como Blood Orange, Devonté Hynes já demonstrava talento e inquietação artística.
Nascido em Londres, em 23 de dezembro de 1985, Hynes começou sua carreira no início dos anos 2000 como integrante da banda Test Icicles, um grupo de dance-punk que misturava energia crua e experimentalismo.
Apesar do sucesso moderado do grupo, Hynes sentia que precisava explorar novas possibilidades musicais.
Assim, em meados de 2007, ele deu início ao projeto Lightspeed Champion, no qual se aventurou por sonoridades mais voltadas ao indie folk e ao pop alternativo.
O álbum Falling Off the Lavender Bridge (2008) revelou um lado mais sensível e introspectivo do músico, que já mostrava uma versatilidade impressionante.
No entanto, o verdadeiro ponto de virada viria alguns anos depois, com o nascimento de seu novo alter ego artístico: Blood Orange.
A criação do projeto Blood Orange
Em 2011, Devonté Hynes lançou o projeto Blood Orange, com o objetivo de explorar uma sonoridade mais urbana, sensual e melancólica, fortemente inspirada pelo R&B, funk e pop dos anos 1980 e 1990.
Seu primeiro álbum sob esse nome, Coastal Grooves (2011), foi recebido com entusiasmo pela crítica, destacando-se pelas batidas suaves e letras que abordavam temas como identidade, amor e solidão.
O som de Blood Orange logo conquistou um público fiel, especialmente entre ouvintes que buscavam algo além do convencional.
Além disso, o músico se destacou pela estética visual e pelo tom confessional de suas composições, que frequentemente tratam de questões raciais, de gênero e de pertencimento.
Cupid Deluxe: o amadurecimento artístico
Com o lançamento de Cupid Deluxe (2013), Blood Orange deu um salto em maturidade musical e poética.
O disco trouxe uma sonoridade mais refinada, misturando soul, jazz e pop eletrônico de maneira sofisticada.
Canções como You’re Not Good Enough e It Is What It Is se tornaram hinos de uma geração que se identificava com a vulnerabilidade e a fluidez presentes nas letras de Hynes.
Além da musicalidade, Cupid Deluxe consolidou a reputação do artista como produtor.
Ele colaborou com uma variedade de músicos, incluindo Solange Knowles, FKA twigs, A$AP Rocky e Florence + The Machine, demonstrando sua habilidade em adaptar-se a diferentes estilos e criar atmosferas sonoras distintas.
O sucesso do álbum fez com que Devonté Hynes se tornasse uma figura central no cenário alternativo internacional, combinando arte, moda e ativismo de forma natural.
Freetown Sound: identidade e ativismo
Em 2016, Blood Orange lançou aquele que seria considerado por muitos o seu trabalho mais ambicioso e politicamente carregado: Freetown Sound.
O título do disco faz referência à capital de Serra Leoa, país de origem de seu pai, e o conteúdo mergulha profundamente em temas como racismo, sexualidade e espiritualidade.
Com um som que mescla R&B experimental, spoken word e elementos eletrônicos, o álbum se destaca pela honestidade emocional e pela abordagem crítica da sociedade moderna. Faixas como Best to You, Desirée e Augustine trazem reflexões sobre o corpo negro, a ancestralidade e as lutas por reconhecimento.
Além disso, Freetown Sound se tornou um marco na carreira de Blood Orange por consolidar sua voz como um artista engajado e necessário, capaz de usar sua música como veículo de transformação e conscientização.
Negro Swan: vulnerabilidade e cura
Dois anos depois, em 2018, Blood Orange lançou Negro Swan, um álbum ainda mais íntimo e pessoal. Segundo o próprio Hynes, o disco é uma exploração sobre “a beleza e a tristeza do ser negro e queer no mundo atual”.
As canções de Negro Swan fluem como uma narrativa sobre autodescoberta, aceitação e superação. Com participações especiais de artistas como Puff Daddy, Steve Lacy e Tei Shi, o álbum combina batidas suaves e vocais etéreos com mensagens de esperança e empatia.
Entre os destaques, estão as faixas Charcoal Baby e Saint, que exemplificam a sensibilidade e a profundidade emocional características do trabalho de Blood Orange.
Angel’s Pulse e as colaborações de destaque
Em 2019, o músico lançou Angel’s Pulse, um projeto que ele descreveu como um “tape complementar” a Negro Swan.
O trabalho reúne colaborações com nomes como Toro y Moi, Tinashe e Arca, e reforça a versatilidade de Hynes como produtor e compositor.
Ao longo dos anos, Blood Orange também expandiu sua atuação para o cinema e a televisão, compondo trilhas sonoras para produções como Queen & Slim (2019) e a série We Are Who We Are (2020), do cineasta Luca Guadagnino.
Sua sensibilidade musical e estética cinematográfica o tornaram uma escolha natural para obras que exploram identidade e juventude.
A estética Blood Orange: som, imagem e emoção
Um dos aspectos mais fascinantes da trajetória de Blood Orange é sua capacidade de criar um universo estético coerente e imersivo.
Seus videoclipes e apresentações ao vivo são marcados por uma atmosfera minimalista, mas profundamente emocional.
Além disso, Hynes frequentemente explora elementos visuais que remetem à cultura queer, à moda e às artes visuais.
Essa abordagem interdisciplinar faz de suas performances experiências sensoriais completas, nas quais música, imagem e sentimento se entrelaçam de maneira única.
No palco, o artista é conhecido por suas apresentações intensas e envolventes, nas quais cada nota parece carregada de significado.
Essa combinação de arte e emoção promete fazer do show de Blood Orange no Lollapalooza 2026 um dos momentos mais aguardados do festival.
Blood Orange no Lollapalooza 2026
A confirmação de Blood Orange no line-up do Lollapalooza 2026 gerou grande expectativa entre os fãs brasileiros.
Essa será uma oportunidade rara de ver ao vivo um dos artistas mais criativos e sensíveis da música contemporânea.
O público pode esperar um espetáculo que vai muito além da performance musical.
Conhecido por transformar o palco em um espaço de introspecção e catarse, Devonté Hynes promete emocionar com canções que transitam entre o passado e o presente, o íntimo e o universal.
Sua presença no Lollapalooza também reforça a diversidade do festival, que tradicionalmente busca reunir artistas de diferentes estilos e origens, celebrando a pluralidade cultural da música global.
O legado de Blood Orange
Ao longo de mais de uma década de carreira, Blood Orange construiu uma discografia rica, repleta de camadas e significados.
Mais do que um músico, Devonté Hynes se consolidou como um verdadeiro artista multidisciplinar, capaz de unir som, imagem e discurso de forma poética e transformadora.
Sua música ecoa como um reflexo das complexidades do mundo contemporâneo — um espelho que convida o ouvinte à empatia e à reflexão.
E, acima de tudo, sua trajetória mostra que é possível criar arte profundamente pessoal e, ainda assim, universal.
Com sua presença no Lollapalooza 2026, Blood Orange reafirma seu lugar como uma das vozes mais relevantes da atualidade, levando ao público brasileiro uma experiência sonora que promete ser memorável.
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